quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Polémica do planeta GJ 1214b


Em Dezembro de 2009 foi anunciada a descoberta do exoplaneta GJ1214b, da estrela anã vermelha Gliese 1214, à distância de 13 parsecs da Terra. Estima-se que a massa deste planeta seja 6.6 superior à da Terra e cerca de metade da sua massa seja constituída por gelo, envolvido por uma atmosfera de hidrogénio e hélio. Este planeta tem 2.7 do diâmetro da Terra e uma densidade inferior (1.9g/cm3), que foi calculada a partir da massa - medida a partir de alterações na velocidade radial da Gliese 1214 e alterações das respectivas linhas espectrais atribuídas ao efeito de Doppler - e o raio - medido por ocasião do trânsito do planeta em frente à sua estrela. Apesar de a gravidade de superfície ser surpreendentemente semelhante à da Terra (0.91g), as temperaturas demasiado elevadas, entre 120ºC e 280ºC, e a atmosfera de hidrogénio e hélio não pareciam fornecer perspectivas animadoras quanto à possibilidade de vida.

Esta conclusão seria exacta, não fosse uma descoberta recente alvoroçar a comunidade científica, resultando num grande impacto mediático. Os cientistas franceses Jean-Pierre Ambroise e Amélie Beauchamp, do projecto CaTEPP (Casse Tête Encore Pour les Planètes) detectaram uma fonte de dilítio no espectro do planeta. Após tornarem pública a descoberta, Ambroise e Beauchamp foram ridicularizados pelos meios de comunicação social e uma investigação posterior foi conduzida com o fim de estabelecer que a detecção de dilítio decorreu de um erro grosseiro de análise espectral. Amélie Beauchamp, diagnosticada com esquizofrenia paranóide, foi internada por tempo indefinido numa unidade psiquiátrica após a seguinte declaração à imprensa:

«A Federação dos Planetas Unidos está a tentar encobrir a nossa descoberta. A razão disto é por ser a segunda vez que a Primeira Directiva é ameaçada. Da primeira vez, foi construído um universo televisivo ficcional para encobrir o extenso testemunho de seis homens e duas mulheres que declararam, de modo consistente e independente, serem tripulantes da U.S.S. Enterprise em missão revolucionária. Estes admitiram que os esforços para manter em segredo a existência de O.V.N.I.'s associados às missões da Enterprise criariam mais vítimas do que protegeriam a civilização da descoberta prematura de vida alienígena. Deixaram registado que vinham do século 24, mais precisamente do ano 2373. Embora não tenha sido dado crédito inicial a estas pessoas, formou-se uma cultura, conhecida por "trekkie", que, ao contrário do que se crê, é anterior à série televisiva que se julga estar na sua origem. O fenómeno televisivo e cinematográfico foi criado com o apoio da ONU e da Federação, que acordaram sobre a necessidade de tornar aparentemente ficcionais os relatos abundantemente documentados, os vídeos, as fotografias e as análises científicas que especificam aspectos relacionados com todo o universo que pretendem encobrir, apesar de alguns destes terem passado para a Wikileaks. Tendo sido estabelecido que os cristais de dilítio são ficcionais, a descoberta dos mesmos foi alvo de uma perseguição que pretende lançar o ridículo e o descrédito sobre uma investigação séria, pela simples razão de esta estar em conformidade com certas crenças da comunidade trekkie. A maioria dos membros desta comunidade já está confusa sobre a origem das suas crenças, porque as intervenções editoriais efectuadas na história do século XX e na memória dos cidadãos do planeta sugerem que a data do primeiro episódio da série é anterior à cultura trekkie, quando isto é manifestamente um dado manipulado para manter, através do descrédito, o secretismo da Federação. Os seres humanos têm o direito a saber a verdade. Só assim é que a missão revolucionária dos tripulantes da Enteprise não terá sido em vão. Eles afirmaram que o GJ1214b é um planeta de Classe M porque foi terraformado por vulcanos com o fim de explorar as minas de dilítio. E a nossa investigação sugere que tinham razão.»

No dia 2 de Junho, Jean-Pierre Ambroise cometeu suicídio após ter declarado à imprensa que os registos da investigação foram selectivamente eliminados de todas as bases de dados, e mesmo os dados impressos foram consumidos por um incêndio, alegadamente causado por um aquecedor. Após este trágico incidente, as investigações sobre o Gliese 1214b foram suspendidas. Todavia, Ban Ki-moon, o actual secretário-geral das Nações Unidas levantou, contra as suas melhores intenções, uma polémica mediática após ter cometido o lapso de abordar a chanceler alemã, Angela Merkel, com a saudação «Vida longa e próspera».

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